A INFIDELIDADE DOS JUDEUS: JOÃO 12,37-43 E SUA RELEITURA DE ISAÍAS 53,1 e 6,9-10
Resumo
Nas inúmeras intervenções realizadas ao longo da história do povo israelita, Deus se autorrevela como aquele que liberta e salva. Seu braço forte se manifesta na libertação da escravidão do Egito e em tantos e grandiosos outros eventos salvíficos. Contudo, a fé do povo nunca se mostrou robusta e inabalável. A pertinaz incredulidade deste povo prolonga-se ainda no tempo de Jesus Cristo. Mesmo tendo visto uma multiplicidade de seus sinais, a dureza de seus corações persistia e não acreditava nele como o Cristo, o Messias que cumpria as Escrituras. Segundo a perspectiva da perícope Jo 12,37-43, este artigo tem por objetivo mostrar que a citação das duas passagens do profeta Isaías atesta e reforça a antiga e obstinada situação de incredulidade do povo israelita frente às ações salvíficas de Deus e que, ao citá-las, o evangelista resgata a continuidade da dureza de seus corações, que os impede de ver em Jesus o Cristo, o enviado do Pai. Alguns passos do método histórico-crítico serão adotados, como a tradução segmentada e a estrutura da perícope. Uma comparação entre as citações nos idiomas em que foram escritas e um breve confronto entre sinais (João) e parábolas (Sinóticos) serão apresentados. Uma síntese do inter-relacionamento destas citações com a perícope Jo 12,37-43 leva a uma leitura em chave messiânica e ao reconhecimento de Jesus Cristo como o Filho, predito pelos profetas e o Messias enviado pelo Pai para a salvação da humanidade.