APRESENTAÇÃO
Abstract
Caro Leitor/Leitora
Shalom
É com grande alegria que colocamos a público o volume II de Cadernos de Sion, revista semestral do Centro Cristão de Estudos Judaicos – CCDEJ –, mantido pelo Instituto Theodoro Ratisbonne. O CCDEJ apresenta como uma das finalidades o desenvolvimento de pesquisas na área de Teologia bíblica, privilegia o diálogo Cristão-Judaico, estabelecendo um vínculo com a herança judaica como transmissora e geradora dos textos do Novo Testamento.
Para esse segundo volume, primeiro de 2021, a Revista Cadernos de Sion traz artigos inéditos sobre Teologia, História e Cultura judaica em consonância com os textos bíblicos e o Cristianismo. Além disso, destaca uma resenha de duas obras de Pierre Lenhardt, Religioso da Congregação dos Religiosos de Nossa Senhora de Sion e de uma entrevista com um sacerdote engajado no carisma de Sion.
No primeiro artigo, Paulo, sua teologia e seu evangelho, Elio Passeto apresenta Paulo, Apóstolo dos gentios, como personagem central no cenário do período do Novo Testamento, seja pelos seus escritos, que inauguram a literatura do Novo Testamento, seja pela elaboração da Cristologia. Passeto postula que, sem levar em conta o contexto religioso judaico do tempo de Paulo, a perspectiva messiânica do judaísmo, a tradição oral que interpretou as aspirações religiosas judaicas, torna-se impossível uma visão profunda do Novo Testamento.
Joel Moreira, no segundo artigo de título The social status of diaspora synagogues in the Graeco-Roman period, discute a vida social dos “judeanos” da Diáspora e como eles reagiram ao mundo gentio ao seu redor. Além disso, questiona os paralelos entre as sinagogas da diáspora e os “grupos de Cristo” do cristianismo primitivo, a estrutura social as impressões dos gentios sobre as etnias judaicas.
Em seguida, em O Cristianismo do Primeiro Século: Divergência e Convergência com o Judaísmo, Victor Antonio Valdo apresenta uma síntese do "primeiro século", ou seja, do momento histórico e político de surgimento do Cristianismo, considerando fatos, ideias e normas desse período. Valdo realça o Judaísmo como religião normativa e o Cristianismo que surge e se forma e torna-se religião, depois de ser amplamente difundido pelos discípulos de Jesus.
No quinto artigo, de título O método alegórico de Justino mártir e sua relação com as escrituras judaicas, Vlademir Lucio Ramos realiza um exame preambular do Diálogo com Trifon, de Justino Mártir, cujo propósito é desvelar o seu método e a forma como as Escrituras judaicas foram instrumentalizadas para justificar a messianidade de Jesus. Destaca, ainda alguns pressupostos, que contextualizam o particionamento gradativo entre cristianismo e judaísmo e suas consequências, mormente aqueles que se referem aos grupos judeu-cristãos. Por fim, apresenta as intenções de Justino e a importância do método alegórico-tipológico como dispositivo justificador da messianidade de Jesus.
Na sequência, Fernando Gross & José Amarante, em Da polarização e do distanciamento às possibilidades do encontro, tratam da evolução histórica do diálogo entre Cristãos e Judeus, apontando a evolução do diálogo dialético para o dialógico, uma emergência atual, para vivermos como irmãos, para nos encontrarmos como sujeitos, dialogando sobre nós mesmos e não sobre nossas opiniões. Para o sacerdote e o rabino, a vida não é estática, e o futuro é imprevisível. Apenas o diálogo permitirá evoluir para uma sociedade humana mais fraterna e comprometida com a preservação do planeta.
No último artigo, Para uma apresentação contemporânea do judaismo na catequese, Hugo Chagas Feitosa aborda a história do ensino catequético na Igreja Católica de maneira a extrair sua relação com os fundamentos judaicos na apresentação da história da salvação e de seu salvador. Destaca, ainda, a maneira de se apresentar na catequese contemporânea os elementos judaicos contidos tanto na palavra como na tradição.
Na seção Resenha, Marivan Soares Ramos resenha dua obras de Pierre Lenhardt, da Coleção Judaísmo e Cristianismo, do CCDEJ.
LENHARDT, Pierre. À escuta de Israel, na Igreja. Porque de Sion sai a Torá e de Jerusalém a Palavra do Senhor (Is 2,3). Tomos I e II. São Paulo: CCDEJ: Fons Sapientiae, 2020.
As duas obras de Lenhardt, originalmente escritas em francês, apresentam sete capítulos cada uma e ambas foram prefaciadas por Donizete Luiz Ribeiro (edição brasileira) e pelo Arcebispo de Auch, Dom Maurice Gardês (edição francesa), que afirma que a obra de Lenhardt “não é uma lição para os ignorantes que nós somos, mas ela tende a melhor entrever em nós, cristãos, o quanto a judaicidade de Jesus se inscreve em uma longa história e rica Tradição”.
Por fim, na seção Entrevista, Padre Jenuário Béo narra alguns pontos de sua trajetória pessoal e religiosa, fala do carisma da Congregação dos Religiosos de Sion, do diálogo judeu-cristão e das atividades pastoral e educacional assumidas por ele, em sua Congregação.
Desejamos a todas e todos uma ótima leitura dos artigos desse volume II de Cadernos de Sion. Para os interessados em submeter artigos para o próximo volume, informações estão disponíveis no site da Revista.
Os Editores