APRESENTAÇÃO

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Palavras-chave: Teologia, História, Cultura judaica

Resumo

É com grande alegria que colocamos a público o primeiro número da Cadernos de Sion, Revista semestral do Centro Cristão de Estudos Judaicos -CCDEJ-, mantido pelo Instituto Theodoro Ratisbonne. Cadernos de Sion nasce com o objetivo de divulgar pesquisas sobre Teologia, História e Cultura judaica em consonância com os textos bíblicos e o Cristianismo, testemunhando na Igreja e no mundo a presença de Deus e seu amor à humanidade.

Nesse número, o primeiro de 2020, damos especial destaque a textos, que se enquadram nas linhas de pesquisa em desenvolvimento no CCDEJ, em especial, aqueles resultantes de pesquisas realizadas em diferentes cursos ministrados no CCDEJ. Nesse sentido, queremos mostrar parte de temas relevantes que mobilizam a Teologia, a História, a Cultura judaico-cristã e as possibilidades de leitura e releitura de textos bíblicos.

O primeiro artigo de autoria de Elton da Silva Santana, intitulado PAI NOSSO: UMA ORAÇÃO JUDAICO-CRISTÃ, se propõe a apresentar um estudo do Pai Nosso e suas origens na tradição veterotestamentária e judaica, entendendo a tradição judaica como aquela que se formou após a reconstrução do Templo, o Segundo Templo que, no período de Jesus, é conhecido por muitos como judaísmo formativo.

O segundo artigo, de Fernando Gross, A EXEGESE JUDAICA E O MOVIMENTO INTERIOR DO CORAÇÃO DO FARAÓ, apresenta um estudo de parte da Exegese judaica, a partir do coração do faraó, fazendo uma aproximação da Teologia cristã com os ensinamentos da Igreja, desde o Concílio Vaticano II e os atuais documentos sobre a importância da complementaridade da leitura dos textos da Bíblia hebraica para nos ajudar a desentranhar as riquezas da Palavra (Evangelii Gaudium, n° 249).

O artigo seguinte, de Luciano José Dias, OS DEUSES DA HUMANIDADE E O DEUS QUE SE REVELA, faz uma Análise reflexiva de diversas imagens criadas pela humanidade, ao longo da história, para descrever a deus ou deuses, que acreditam estar a seu redor. Assim, trata de inúmeras variações dessas imagens, que foram relatadas em textos bíblicos e filosóficos, o que nos propicia avaliar a influência direta do tempo, lugar, cultura e meio social na interpretação dos diversos contornos das imagens de Deus.

O quarto artigo, de Márcio Miranda de Matos, intitulado REFLEXÃO SOBRE A DORMIÇÃO DE MARIA, reflete sobre a morte de Maria chamada comumente de dormição que, segundo a doutrina da Igreja, ela passou pela morte, embora a partir do século XVII, por conta da discussão em torno da Imaculada Conceição houvesse surgido declarações de sua imortalidade.

O quinto artigo, de Nayon Nigel da Silva Melo Cezar, intitulado 50 ANOS DA NOSTRA AETATE E O DIÁLOGO CRISTÃO-JUDAICO NO BRASIL, discute como se deu o caminho de divergência entre as duas tradições no período da Igreja nascente, apresentando o Concílio Vaticano II, séculos depois da ruptura, como o grande baluarte de abertura ao diálogo e à unidade. Explicita, ainda, os difíceis caminhos trilhados pelo cardeal Béa na concepção de um texto que traduzisse a voz da Igreja em um período que o mundo, perplexo pelos horrores nazistas, urgia por uma palavra aos judeus.

O artigo seguinte, de Raimundo Pereira de Sousa, de título O MÉTODO MIDRÁSHICO NO NOVO TESTAMENTO, apresenta um estudo sobre o método midráshico no Novo Testamento, destacando-o como método de leitura e exegese, utilizado por hagiógrafos neotestamentários, para proclamar e confirmar o cumprimento da Escritura na pessoa do Cristo morto e ressuscitado e sua contribuição na formação do Novo Testamento, uma vez que ele nasce e se configura no seio do judaísmo.

O artigo de Robin Dominicio Januário, ANÁLISE EXEGÉTICA E TEOLÓGICO-COMPARATIVA ENTRE OS RELATOS DA INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA, estabelece uma comparação entre a perícope da epístola paulina: 1Cor 11,23-25 e as perícopes dos evangelhos sinóticos: Mc 14,22-25; Mt 26,26-29 e Lc 22,19-20, sobre a narrativa da instituição da eucaristia. Aplica-se, de maneira introdutória, metodologias do campo da exegese bíblica: disposição dos textos em sinopse, delimitação do texto bíblico e a análise de quiasmo. A percepção deste estudo é que, apesar de mantida a tradição, cada autor sagrado tem uma intencionalidade teológica diferente:

O penúltimo artigo, de Jarbas Vargas Nascimento e Judson de Carvalho Vieira, intitulado LEITURA E NEGOCIAÇÃO DE EFEITOS DE SENTIDO NA ENCENAÇÃO DISCURSIVA RELIGIOSA, apresenta uma leitura do discurso religioso católico pronunciado na Páscoa, considerando a cenografia que movimenta o sermão, durante o rito sacramental.  Ao autores afirmam que o sermão, na condição de ritualizado, se define na relação entre Deus e o homem, atualizando pelo interdiscurso a manifestação terrena/humana da transcendência. Por isso, é pressuposto fundamental para a leitura do sermão a vinculação extraordinária entre Deus e o sacerdote, ou seja, Deus se presentifica no sacerdote. Trata-se, então, de considerar a encenação discursiva como a representação de um lugar construído, a partir da morte e vida de Jesus, onde a vida se redefine por relações interdiscursivas pautadas pelo ritual.

Por fim, o último artigo, de Michel Sark, LECTURE PRAGMATIQUE DE MT 23,13-36, analisa o caráter severo de Jesus no evangelho de Mateus, mostrando a tensão entre fariseus e gentios. O clímax é o discurso no templo, cujo núcleo é constituído pelos sete «Ai» (Mt 23,13-36). Para explicar essa severidade, Sarkr utiliza como prospectiva metodológica a "pragmática", disciplina da comunicação e da linguística, oferecendo ao leitor  uma nova percepção da realidade.

Na seção ENTREVISTA, Pe. Padre Donizete Luiz Ribeiro, superior-geral da Congregação dos Religiosos de Nossa Senhora de Sion relata pontos de sua trajetória pessoal, religiosa e acadêmica, fala do carisma da Congregação que dirige, do diálogo judeu-cristão e das atividades assumidas pelos religiosos em relação à educação básica e àquelas desenvolvidas no Centro Cristão de Estudos Judaicos (CCDEJ) de São Paulo.

Na seção RESENHA, José Benedito de Campos apresenta o livro: HADDAD, Rabino Philippe. JESUS FALA COM ISRAEL: uma leitura judaica de parábolas de Jesus.  São Paulo: CCDEJ; Fons Sapientiae, 2015, obra da “Coleção Judaísmo e Cristianismo” que objetiva cultivar o conhecimento mútuo entre judeus e cristãos, valorizando o enraizamento judaico das Sagradas Escrituras e o diálogo inter-religioso, a partir do patrimônio espiritual comum.

 

Ao finalizar essa Apresentação, queremos desejar-lhes boa leitura desse primeiro número de Cadernos de Sion, convidá-los a participarem dos próximos números e pedir que nos ajudem a divulgar esse veículo de comunicação acadêmica do CCDEJ.

SHALOM.

Os Editores

Publicado
2020-10-22
Como Citar
Nascimento, J. V. (2020). APRESENTAÇÃO. CADERNOS DE SION, 1(1), 1-3. Recuperado de https://ccdej.org.br/cadernosdesion/index.php/CSION/article/view/3
Seção
Apresentação